Review: Os lançamentos Gallaghers 2019/2020 – Nostalgia vs Renovação

Por Roani Rock

Em meio a tudo que vem ocorrendo no mundo da música, o que segue em um fluxo contínuo sem precedentes desde o fim do Oasis e o início das carreiras solo na década de 2010 são os Gallaghers. Saber quem está lançando o melhor disco entre os irmãos e se a banda mais marcante da Inglaterra da década de 90 vai voltar um dia aparece constantemente na mídia mundial até aqui falamos sobre essa rivalidade na matéria sobre os 10 Anos Sem Oasis.

Não é uma disputa saudável como bem mostramos naquela vez, e como tem mais coisa além da música, a aura entre eles é pesada. Para os fãs inclusive, tem os que tomam partidos e não conseguem enxergar o quanto estão ganhando nos projetos solos de Liam e Noel Gallagher.

Bem, neste dia, 12 de junho de 2020, enfim chegou as plataformas digitais brasileiras o MTV Unplgged feito por Liam Gallagher com sua performance especial realizada em 03 de agosto do ano passado no Hull City Hall, na Inglaterra. Lugar foi escolhido porque Noel dias antes falou que a cidade de Hull era um buraco de merda.

É bom lembrar que Liam deixou de participar do acústico MTV do Oasis em 1996 mesmo estando presente nos bastidores assistindo bebaço o show. Para esse momento de sua carreira, prestes a lançar seu novo álbum Why Me? Why Not. (ao qual fizemos a resenha, leia aqui) ele resolveu pagar essa dívida com a emissora e os ‘mad fer it’ ou ‘Parka Monkeys‘, vulgo seus fãs. Para a apresentação esteve presente Bonehead, seu ex companheiro de Oasis e figurinha carimbada nas tours em pelo menos uma ou duas músicas. Para suprir a ausência do irmão, Liam colocou três cantoras para fazer os backing vocals, o que foi um acerto gritante.

Os destaques do disco são as músicas do novo álbum, tanto que no lançamento presente no spotify as músicas do As You Were, seu primeiro álbum lançado em 2017, foram cortadas ficando apenas ‘Wall Of Glass que abriu o show. A presença das backings tornaram faixas como ‘Now That I’ve Found You‘ e One Of Us ainda mais brilhantes. Já a melhor do disco chama-se Gone, ao vivo ganhou mais vida.

Do universo Oasis a música Sad Song recebendo sua voz é algo de arrepiar. “Stand By Me” que não era cantada por ele havia um bom tempo recebeu também uma versão diferente não só pela orquestra, mas a sutil modificação na ponte da canção onde Liam inverte as frases enquanto as backings cantam corretamente, se foi proposital ou não nunca saberemos, mas deu um bom contraste. Fora a sempre intensa e belíssima “Cast No Shadown” a qual Liam não cantava desde os anos 90. Espera-se que todas as outras canções sejam liberadas em breve.

Pós essa analise do acústico de Liam disponibilizado pelo streaming é dado o momento de falar sobre o irmão mais velho. Noel nos últimos dois anos tomou uma postura de lançar apenas novos singles inclusive através do nome do Oasis para uma faixa esquecida chamada “Don’t Stop…“.

Noel tem problemas auditivos graças aos anos de extrema distorção e abusos de volume no Oasis – Se você pega a carreira solo do guitarrista vê o quanto violões e baixos vem sendo usados com maior frequência. Com o álbum Who Built The Moon? de 2017 ele deixou bem claro que focaria em sons mais graves e isso se deve não só ao produtor David Holmes mas também a um ídolo de Noel que trouxe a luz, David Bowie.

O álbum Blackstar é um divisor da estrutura do mercado fonográfico atual, isso é inegável. Não só por ser o último trabalho de Bowie vivo, mas também pelo formato das canções. Muito eletrônico, com baixos em evidência e orquestras, fora naipe de metais. Isso tudo também é encontrado em Who Built The Moon? que tem esse viés psicodélico e ao mesmo tempo profundo.

Em 2019 ele se reinventou mais uma vez, focou em trazer singles em EPs, sem a pretensão de lançar um álbum, até porque as músicas lançadas até aqui realmente são bem diferentes umas das outras. No primeiro sinlge trouxe 3 canções, Black Star Dancing proveniente da Dance Music que mais uma vez nos remete ao Bowie, quando este investiu em cações desse estilo. Os fãs estranharam e veio esse conceito de pop cósmico, com Rattling Rose, presente no mesmo ep, ele continua trazendo algo dançante e com swing. Ai vem Sail On, que vai em outra direção, uma canção de mar com instrumentos diferentes, um ukulele e banjo.

O segundo EP, também de 2019, traz mais canções diferentes. This is the place mostra o quanto Noel está fazendo uma aposta e não tem como certeza se suas experiências darão certo. Mas em contra partida, temos “A Dream is all I Need To Get Bye“, uma levada boa pra dançar ou relaxar ao mesmo tempo, lembra o último disco do Arctic Monkeys. as letras de Noel são inquestionáveis, há muita genialidade envolvida. Também captável na estranha “Evil Flower“, músicas complicadas de se gostar se vocês está acostumado com um Noel Gallagher roqueiro.

Acredita-se que Noel capitou essa mensagem e resolveu ceder para trazer algo que agradasse mais os velhos fãs. Então, com o EP Blue Moon Rising, o músico traz Wandering Star uma música épica que recebeu um clipe natalino. Ela contém sinos e uma letra de auto ajuda propícia pra época do ano ao qual homenageia. Mas além dessa, há Come On Outside que é puro Oasis e soa como o primeiro disco do guitarrista. Mostra que ele não perdeu a mão e o quanto ainda existe a possibilidade de uma retomada para o que ele sabe fazer bem, entretanto é difícil crer.

O que se sabe é que provavelmente os próximos lançamentos que cada um vai investir é nessa pegada de nostalgia e a experiência de se reinventar. Se o Gallagher mais novo vai ousar sair da zona de conforto é uma incógnita, assim como Noel voltar ao Britpop.

Nota final para todos os trabalhos: 8/10

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