Review: GroundCulture – How Well Do You Really Know Yourself?

Por Lucas Santos

O álbum é pesado. Quase todas as faixas estão cheias de grooves, enquanto o vocalista Roy Watson tem um grito genuinamente irritante, que imbui o material com um sério senso de paixão.O chocante, e também interessante, é a mudança repetitiva para esses refrões desajeitados e quase inspirados no rádio-rock, que diluem completamente a raiva visceral estabelecida

Lucas Santos

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Gravadora: Hopeless Records
Data de lançamento: 1/05/2020

Gênero: Metalcore
País: Inglaterra

Quando uma banda decide desconsiderar parâmetros estritos de gênero, é principalmente por um de dois motivos. Uma sendo uma infinidade de influências motivando os artistas a experimentar sua própria visão única, enquanto a outra é o caso amaldiçoado de identidade que vários grupos devem superar. Para o GroundCulture de Newcastle, é um pouco dos dois.

How Well Do You Really Know Yourself? está na minha playlist tem mais de duas semanas, bem antes do seu lançamento oficial. Minha relação com o debut da banda britânica foi diverso. No começo, achei que esse seria o primeiro álbum que daria 10/10, mas de alguma maneira, depois de algumas audições, ele caiu na mesmice pra mim muito rapidamente. Depois, voltou a cair nas minhas graças, porém, com menos entusiasmo, e eu explico o porque.

Life Won’t Wait é uma direta faixa de abertura, bem na vibe do metalcore tradicional. O álbum é pesado. Quase todas as faixas estão cheias de grooves, enquanto o vocalista Roy Watson tem um grito genuinamente irritante, que imbui o material com um sério senso de paixão.O chocante, e também interessante, é a mudança repetitiva para esses refrões desajeitados e quase inspirados no rádio-rock, que diluem completamente a raiva visceral estabelecida. E algo que o Beartooth faz bastante atualmente.

18 evoca o Linkin Park da era Meteora, com uma batida eletrônica profunda e pulsante, guitarras de nu-metal e letras meio batidas. O que poderia surgir como uma imitação pálida é na real, vividamente vivida com injeções dessa atitude do Nordeste, trazendo uma vibe bem Hybrid Theory de Los Angeles.

A lenta gravação Take My Breath Away, explode no fim, e tem um dos melhores momentos do álbum, um vibe grunge que transforma em algo mais Korn do meio pra frente. Os segmentos eletrônicos de bom gosto encontrados em Trauma Can Teach, que reconhecidamente lembram muito os trabalhos posteriores de Boston Manor, mostram um lado de referências que abastecem o trabalho. São várias. Blue Minds tira um pedaço de tudo que rola no crossover atualmente, 1974 é uma tentiva, falha, de fazer uma balada mais sentimental e Free Fall se assemelha bastante ao que o While She Sleeps fez no seu último álbum SO WHAT?

Até aí são referências de peso e as música são sim interessantes, porém, falta algo. Algo que digo, seja em um refrão mais elaborado, uma melodia mais memorável ou um hit de verdade. O que o GroundCulture faz é um ótimo apanhado de todas os atos que inspiraram um trabalho mas falta uma indentidade mais enraizada ao próprio grupo.

How Well Do You Really Know Yourself? indica que o GroundCulture ainda não se conheça muito bem e que a jornada de autodescoberta esteja apenas começando. Por enquanto, temos uma estréia confiante, bem executada, poderosa e bem produzida, que vai despertar interesse na comunidade hardcore, mas ainda há um passo a ser dado para que eles se tornem uma banda única. Uma ótima estreia com toda certeza.

Nota final: 8/10

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