Review: Rafael Lima – Os Incomodados Que Mudem

por Roani Rock

Letras fortes em um momento delicado, o álbum bem pop/rock do carioca reflete o que é ser brasileiro em meios modernos de melodia.

Roani Rock

Confira mais rock:
honey creek – a whole year in transit
Alter Bridge – Walk The Sky
Wayward Sons – The Truth Ain’t What It Use To Be
Goodbye June – Community Inn
William DuVall – One Alone
Dirty Shirley – Dirty Shirley

Gravadora: Ventura Music(ANR)
Lançamento: 20/04/2020

Gênero: Pop
País: Brasil

A experiência musical conta muito nesse momento de lançar-se em carreira solo, o guitarrista Rafael Lima, de 36 anos, tem isso de sobra visando o fato de ter tido três experiências anteriores, contando o tempo na banda Memora e quando acompanhou Marcos Menna que foi vocalista do LS Jack, chegando a gravar com Liminha um dos mais importantes produtores musicais da música brasileira.

Os Incomodados Que Mudem não é o seu primeiro, na verdade, este é o quarto, mas o álbum mais recente tem suas peculiaridades que o tornam primogênito. Não é só pelo fato de ter sido gravado em 6 dias e lançado uma semana depois, com todo o processo sendo feito dentro de casa. Sim, ele gravou todos os instrumentos: Vocais, violões, guitarras, arturia matrix, Arturia ARP 2600, fender rhodes, alchemy synth, Órgão Hammond B3, baixo, bateria, shaker e pandeirola. Mas segundo o músico, este disco diferente dos anteriores tem um conceito e uma essência que enfim define seu som.

Em momentos de quarentena é até positivo poder ver que um trabalho de ampla qualidade pode ser todo produzido em casa. É um deleite aos ouvidos que pode ser aproveitado no dia-a-dia. Melodias assertivas, verso por verso dá para captar uma realidade que pode ser a de Rafael, a de um morador de comunidade, a de um playboy da zona sul do Rio e até de quem for de outros estados, há uma identificação já que as letras dialogam com qualquer um. Do Mesmo Céu, do Mesmo Chão“originalmente da Memora e que foi escolhida como single, onde ele frisa que fora escrita para seu primeiro filho nos idos 2012, é um bom exemplo desse fácil reconhecimento, se trata de uma canção bem brasileira.

Algumas dessas músicas presentes no disco tocam na ferida como Na Reta (que abre o álbum), Amanhã e A Melhor Parte. Já Passo a Passo lembra bastante algum som do Rappa, uma música de fé e esperança, tipo de abordagem que aparece corriqueiramente no álbum. Celebração e Sacrifício, soa como se o Jota Quest tivesse um grande cantor para interpretar a canção. Tudo que Costumava Ser é a música que mais flerta com o pop atual e que tem a letra mais moderna e visceral.

Quanto mais gente me adiciona, Menos gente me emociona
Empoderado discurso, De um vazio fajuto, Lição de amor e de ódio,
Na paz e na guerra, Quanto mais calado, Menos a gente erra

Verso de Tudo Que Eu Costumava Ser de Rafael Lima

Os maiores destaques do álbum ficam a cargo da canção Alma, Sangue e Suor que lembra uma balada do Oasis, banda britânica a qual Rafael presta tributo com a The Mads, formada junto a Dig Obadia vocalista da Balba. A já citada Tudo que Eu Costumava Ser, Revolução que é como se fosse uma releitura para a música Fácil, composta por Wilson Sideral a qual Rafael falou ter sido determinante para sua vida. Se ele tinha a pretensão de compor algo que pegasse tanto quanto esse clássico dos anos 90 o multi-instrumentista pode se dar por satisfeito. E ainda tem a balada Mentiras com uma batida cheia de R&B e que vai numa crescente que é demais.

Como você vai fazer pra se livrar dessa hipocrisia?
Como você vai fazer pra não ser tudo que condenou um dia?
Como você vai fazer com tudo isso que te angustia?
Tantas mentiras, Quantas mentiras!

Verso de Mentiras de Rafael Lima

Temos um bom álbum pop para este ano sem ser dos renomados e vindo do underground, gravado por apenas uma pessoa, mixado por ele mesmo e tudo dentro de casa, se a qualidade do álbum não fosse boa, só isso já seria louvável. Recomendadíssimo!

Nota final: 8/10

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