Por Roani Rock
Uma verdadeira viagem divertida para o rock clássico, o Green Day fez um disco diferente de tudo que já lançou visando colocar o rock de volta as pistas de dança.
Roani Rock
CONFIRA MAIS ROCK:
British Lion-The Burning
Alter Bridge – Walk The Sky
Wayward Sons – The Truth Ain’t What It Use To Be
Eclipse – Paradigm
Goodbye June – Community Inn
Gravadora: Reprise
Data de lançamento: 07/02/2020

Green Day é o tipo de banda que não senta no que for cômodo, eles estão sempre em movimento e experimentando. É certo que desde o American Idiot não conseguiram lançar nada que fosse 100% em termos de qualidade. Mas, teve a sequência imediata 21 century Breakdown que contou com a produção do Butch Vig e segue a linha de ópera rock do antecessor.
Foi o 8º álbum e contava a história em três atos, Heroes and Cons, Charlatans and Saints e Horseshoes and Handgrenades e acompanha um casal de jovens, Christian e Gloria, na miséria e esperança do novo século. A Rolling Stone afirmou que o novo álbum era “ainda mais ambicioso que American Idiot” e que era “um disco com ideais punk, pesado no conteúdo, mantendo a sensação do rock clássico“. A verdade é que no ano de seu lançamento, 2009, alcançou excelentes marcas e foi o 4° álbum mais vendido do ano, mas não era um álbum muito coeso.
Após esse acerto, os caras lançaram o álbum triplo ou a trilogia – se preferir chamar assim – Uno! Dos! Tré! de uma forma megalomaníaca, mas provavelmente sem tanta convicção no trabalho produzido, tanto que não atingiram as melhores marcas de venda. Não dá pra acertar sempre, isso é óbvio. Mas, com estes, Billie Joe Armstrong, Tré Cool e Mike Dirnt focaram em usufruir dos meios de divulgação e redes sociais para promove-los. Os fãs de certa forma gostam dos discos, mas não tanto quanto os clássicos dos anos noventa e as duas óperas rock.
Passada essa sensação de não ter mais o que apresentar ao mundo e de fiasco respectivamente com o álbum Tré!, eles deram uma parada nas atividades, até porque vinham tendo problemas graves com drogas e Billie Joe necessitava de tratamento. Em 2016 eles anunciaram que lançariam um novo álbum na linha Pop-Ponk.
Com Revolution Radio eles trouxeram excelentes músicas com interessantes temáticas para cada, Bang Bang fala sobre atentados de atiradores na perspectiva de um deles e foi a primeira faixa escrita para o álbum, já para a faixa-título a inspiração veio após Billie participar de uma passeata do Black Lives Matter em Nova Iorque – Say Goodbye, veio por imagens que ele viu de veículos militares nas ruas de Ferguson, Missouri. Outlaws é considerada uma continuação de Christie Road, do álbum Kerplunk (1992), e aborda a época adolescente da banda. Enfim, boas inspirações e temas para voltar a boa forma.
Vendo essa linha mais saudosista ao som da banda no álbum de 2016 funcionar, quem imaginaria que em 2019 – após passarem por mais uma reabilitação de Billie Joe, um filme com o cara de protagonista e outras investidas sonoras com outros projetos -, o Green Day pegaria toda a bagagem que tinha até aquele ponto e faria nascer um verdadeiro super trunfo?

Digo isso porque Father Of All… é uma verdadeira viagem no tempo feita a navio onde você trafega logo no início para a década de setenta, enfrentando ondas dos anos 80 e turbulências da década de cinquenta. O Green Day foge da obviedade, você se engana se pensa que o álbum é “grande”, na verdade se trata de um dos mais curtos da história da banda. As dez músicas somam pouco mais de 25 minutos. O que já torna mais fácil a apreciação.
A primeira faixa que dá nome ao disco tem a linha de bateria e melodia chupada de Fire do Jimi Hendrix e com isso trouxe consigo um temor frente ao álbum. Os membros deixaram claro que este disco seria uma homenagem ao rock ‘and’ Roll. Mesmo assim, havia uma insegurança no ar de que seria só aquilo e com o single seguinte, Oh Yeah! que tem um descarado plágio de Gary Glitter da música Do you Wanna Touch Me, tudo ficu mais preocupante.
Felizmente, para por ai os supostos/claros plágios. Eles trazem pulsantes e empolgantes rocks na sequência. Fire, Ready, Aim tem a letra mais estranha que gostaríamos de cantar. Meet Me On The Roof provavelmente é a melhor música do álbum e lembra o The Who uma das maiores inspirações do trio pop-punk. I Was a Teenage Teenager lembra uma música do Raimundos, difícil ser, mas só reparar na introdução para captar “Selim” na melodia. Stab You In The Heart é um clássico e deve ficar ainda mais impactante ao vivo, instrumental contagiante e bem rock ‘and’ Roll.
A música “mais Green Day” do álbum produzido por Butch Walker e Chris Dugan é Sugar Youth trazendo aquela sonoridade dos anos 90/2000. Junkies On a High tem uma letra pesada condizente a sua melodia. fala com desdem do estereotipo do rock.
Tragédia do rock ‘n’ roll, acho que o próximo poderia ser eu
trecho de Junkies on a high
O céu é meu rival
Eu canto em folia, eu tenho minhas próprias conspirações
O que se esconde nas sombras? Oh sim
Billie Joe apresenta no 13º álbum fa banda excelentes vocais e como a onda é rock ‘and’ roll, há muitos solos de guitarra. As letras são simples e difíceis de decifrar no geral, algumas com referências e gírias americanas, mas não afetam na qualidade. Segundo o vocalista o álbum se trata de uma “novidade do Soul , Motown , glamour e hinos maníaco. Punks, malucos e punidores!” Ele também afirma que as letras são sobre “a vida e a morte da festa” e o “estilo de vida de não dar a mínima“.
Vale frisar que Tré Cool traz as melhores execuções de bateria, se ele fosse um baterista dos anos 60 rivalizaria com grandes nomes como Keith Moon. Já Mike Dirnt se firma como o melhor baixista do punk rock, ele tem repertório.
Nota Final: 8/10
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