The Rock list – Rod Stewart 75 anos: 5 feitos do “Rod the Mod”

Por Roani Rock

Nenhum trabalho é muito grande,nenhum trabalho é muito pequeno e todos devem ser feitos com ternura,amor,humor, paixão e determinação.

Rod Stewart

Bem, vamos começar esse texto de uma forma deveras biográfica para entender o conceito do cara que será tratado aqui. Roderick David Stewart CBE, conhecido como Rod Stewart, (Highgate, Londres, 10 de janeiro de 1945) é um cantor e compositor britânico, com ascendência escocesa. Algo deveras perceptível em sua aparência de cabelo loiro espetado e nariz grande. Entretanto, o motivo mais característico de Rod ser reconhecido vai além da aparência, o que o torna único é sua voz áspera e rouca aliadas a uma presença de palco carismática.

Aqui vão sete feitos do cantor em sua jornada musical. Dentre parcerias, sucessos e momentos marcantes em que seu canto se mostrou marcante para perpetuar por décadas representando uma e até mais gerações.

5 – THE JEFF BECK GROUP

Da esquerda para a direita: Ronnie Wood, Jeff Beck, Aynslay Dumbar e Rod Stewart

Os anos 60 foram marcados pela pluralidade de bandas que surgiram na Inglaterra vindas de carona com os Beatles e os Rolling Stones. As pessoas não precisavam ficar restritas aos garotos de Liverpool ou aos rebeldes londrinos, havia o Gary & The Pacemakers, os rostinhos bonitos do Herman’s Hermits, os Mods Small Faces, The Who, Kinks e dentre tantas outras vertentes e bandas tinha o diferenciado Yardbirds.

Duas das bandas citadas tem relevância para vida de Rod. No Yardbirds passaram-se grandes guitarristas e dentre eles está Jeff Beck e é através desse mestre que o vocalista entra na história. O britânico antes da fama e até antes de ser músico era coveiro e foi técnico-aprendiz no Brentford Football Club, seu tempo como cantor começou viajando de carona por toda a Europa com o cantor folk Wizz Jones. A dupla cantava onde deixassem para levantar uns trocados. De volta a Inglaterra chegou

assumiu os vocais do projeto solo do guitarrista onde ganhou uma notoriedade que rivalizava com a de Beck. A primeira formação do The Jeff Beck Group consistia em Jeff Beck nas guitarras, Rod Stewart nos vocais, Ron Wood (baixo) e Aynsley Dunbar (bateria).

Após uma turnê americana tocando no Fillmore East eles receberam o seguinte feedback do The New York Times em artigo publicado por Robert Shelton :

Jeff Beck Group se destaca em estreia. Os cantores pop britânicos encantam a platéia do leste de Fillmore ofuscando o Grateful Dead. 

Robert Shelton The New York Times 1968

4 – FACES

LONDON – 1st JANUARY: Faces no backstage do programa Top Of The Pops da BBC em 1971. da esquerda para direita: Ronnie Lane (1946-1997), Ian McLagan, Rod Stewart, Ronnie Wood e Kenney Jones. (foto/divulgação Ron Howard/Redferns)

Durante este período de ascensão do Jeff Beck Group, o The Small Faces passou por problemas de relacionamento e a banda que era a cara do movimento MOD passava pela súbita saída de seu frontman, Steve Marriott. Tal informação é importante já que no ano de 1969 o Jeff Beck resolveu acabar com sua banda graças a brigas de egos e iminente vontade de Rod gravar seu primeiro álbum solo, algo que o cantor fez acompanhado por Ronnie Wood, seu fiel escudeiro e companheiro de banda.

Pós finalizado o álbum solo, Rod e Ron foram chamados para fazer uma jam e gravarem quatro músicas com os remanescentes do Small Faces. Ronnie Lane(baixista), era o líder deste novo projeto inicialmente denominado Quiet Melon e assim Ronnie Wood pode voltar a seu ofício principal que é a guitarra. A entrada dos dois novos membros trouxe maior alivio e a criatividade transbordou rendendo 4 álbuns de estúdio e dois ao vivo.

Há dois álbuns lançados importantíssimos por essa rapaziada, que fizeram Rod Stewart ganhar o apelido de “Rod The Mod”, o A Nod Is As Good As A Wink… To A Blind Horse de 1971 e o Ooh la la de 1973. Blues rock potente com som americanzado pela liga folk de algumas canções, Ooh La La traz grandes canções com a potente e rouca voz de Rod, dentre elas está cindy incidentally, My Fault, Glad and Sorry, Silicone Grown e just another honky. Há também a faixa título que de Rod Stewart só possui formidáveis backing vocals.

Já o disco de 1971 traz aquele que foi o maior hit do grupo. Stay With Me que é onipresente nos set lists de Rod até hoje. Trata-se de um rock sacana com um riff genial de Ron Wood. Ainda tem também as maravilhosas Love Lives Here e Debris. Essa última talvez a canção mais marcante na voz de Ronnie Lane.

Eles ficaram juntos por boa parte dos anos 70, Ronnie Lane saiu da banda por ter perdido o protagonismo e liderança para Rod Stewart que conciliava a banda com a carreira solo. Com a saída de Lane em 1973, o baixista Tetsu Yamauchi foi escolhido pelos produtores para ser o substituto, aparentemente a contra gosto do restante da banda. Essa formação durou até 1975, quando Wood começou a trabalhar com os Rolling Stones.

Eles nunca mais conseguiram reunir a formação clássica e todas as vezes que pensaram em voltar Rod acabava tendo um contratempo impedindo um retorno com um remanejo da equipe, seja para o Rock And Roll Hall of Fame de 2012 ou até shows pra caridade. Eles deveria ter voltado em 2014 mas o tecladista Ian McLagan morreu o que fez ser incerto se valeria a pena o reencontro.

Rod só veio a fazer parte de algo do Faces novamente de forma tardia no ano de 2015, junto a Ronnie Wood e Kenney Jones em uma apresentação no Hurtwood Polo Club em 5 de setembro de 2015 para caridade. O show ocorreu por decorrência do 70º aniversário de Rod em janeiro daquele ano. O show de reencontro foi aclamado pela crítica, com o jornal The Telegraph analisando a performance como “5 estrelas“, sob a manchete de “valeu a espera de 40 anos“. 

4 – CARREIRA SOLO

Talvez uma das poucas situações onde a carreira solo supera a banda em que o artista fez sucesso. Definitivamente Rod Stewart tem uma das melhores trajetórias de um cantor britânico/escocês mundialmente. Os números de venda não enganam e certamente tomaria muitos parágrafos a listar.

Rod com o seu maior aliado Ron Wood, lançou paralelamente ao The Faces quatro discos solo. Rod é acima de tudo um interprete e seus álbuns eram marcados por interpretar principalmente o soul americano e alguns hits do momento vindo de ex-beatles como Paul McCartney em Maybe I’m amazing ou John em Jealous Guy. Há também várias canções de Bob Dylan e Elton John.

Os principais destes provavelmente são Every Picture Tells a Story (1971) que possui o hit atemporal Maggie May e a bela canção rock que da nome ao álbum. Never a Dull Moment de 1972 trazia I’d Rather Go Blind conhecida na voz de Etta James e Angel de Jimi Hendrix que figuravam presença certa nos shows do Faces.

Entretanto, o cantor se viu em um momento em que queria mais do que apenas se divertir e preferiu seguir o que estivesse como tendência no mercado da música.

Rod Stewart me lembra Roberto Carlos em muitos aspectos. Ambos tiveram proximidade com o rock no início de suas carreiras, mas a abandonaram em busca de outro estilo mais popular e, obviamente, rentável.

Igor Miranda pelo site Wiplash em 2016

Em 1975, pós Faces, ele lançou o seu sexto disco Atlantic Crossing, a partir desse álbum a carreira de Rod deu uma guinada de importância mundial graças a presença de baladas fortes como a bíblica Sailing e I Don’t Want To Talk About It. Já em 78 através do álbum Blondes Have More Fun ele lançou a música que passou uma semana no topo das paradas britânicas em dezembro daquele ano e quatro semanas no topo da Billboard Hot 100 em fevereiro de 1979 e vendeu 10 milhões de cópias.

Da Ya Think I’m Sexy? foi muito bem e trouxe Rod bebendo da fonte da música disco, bem popular na época. A imprensa Rock o acusou de ser traidor da veia blueseira e ainda por cima a música foi corretamente acusada de plágio por Jorge Ben Jor.

sobre o caso Rod escreveu em sua biografia.

Certo. Tive que dar a mão à palmatória. Mas claro que não cheguei assim no estúdio e falei: ‘Vamos usar a melodia de Taj Mahal no refrão e azar. O compositor mora no Brasil, então nunca descobrirá’. Só que eu tinha ido pro carnaval do Rio, em 1978, com Elton John e Freddie Mercury. E lá duas coisas significativas me aconteceram. Me apaixonei por uma estrela de cinema brasileira lésbica, que não deixava me aproximar dela. Depois, ‘Taj Mahal’, de Ben Jor tocava o tempo inteiro, foi relançada naquele ano, e obviamente a melodia alojou-se na minha memória, e emergiu quando comecei fazer a musica. Puro e simples plágio inconsciente. Abri mão dos royalties, me perguntando se ‘Da Ya Think I’m Sexy?’ era meio amaldiçoada.

Chegado o fim dos anos 70 e início dos 80 o cantor entrou em uma vertente mais pop que fez sua carreira despencar, não em termos de shows ou vendas, mas sim em qualidade.

3 – O AMPLO REPERTÓRIO

Stewart nunca foi do tipo compositor, tanto que a maior parte de seus trabalhos solo, ainda mais no início, é composta de covers e colaborações externas. Mas Rod tinha (e tem) uma capacidade de interpretação acima da média, além de ser um bom produtor e saber como adaptar canções já existentes em versões inesquecíveis.

O disco A Night At The Town de 1976  trouxe a primorosa a eloquente ‘The First Cut is Deepest‘, de Cat Stevens, e a balada ‘Tonight’s the Night (Gonna Be Alright)‘, que ficou em primeiro lugar por oito semanas. Neste álbum também está “The Killing of Georgie (Part 1 and 2)”, sobre o assassinato de um homem gay, também foi um dos 40 melhores sucessos de Stewart em 1977. Na década seguinte ele trouxe certos hits apesar de álbuns inexpressivos e com pouco retorno em vendas. Engraçado que seu maior hit da época é uma canção de sua autoria, Baby Jane, que pode ser encontrada no álbum Body Wishes de 1983.

Uma reunião com Jeff Beck produziu uma versão bem-sucedida de People Get Ready, de Curtis Mayfield , mas uma tentativa de fazer uma turnê juntos se desfez depois de algumas datas. Aliado a isso e uma mania de se arriscar no Symph pop o fez não ser capaz de superar o riquíssimo trabalho dos anos 70.

Em 80 trouxe um cover renovado para a maravilhosa This Old Heart Of Mine que ele já havia gravado nos anos 70. A diferença dessa versão para anterior é ter o cantor Ronald Isley (do Isley Brothers que gravou a versão original do som), alcançaram o número dois na parada de singles RPM do Canadá , o número 10 na Billboard Hot 100 dos EUA , o número um nas paradas de adultos contemporâneos da Billboard e da RPM.

Em 1989 Rod fez uma versão para a canção de Tom Waits, “Downtown Train” que atingiu o número 2 nos Estados Unidos em 1990. Esta canção foi lançada em single e depois em coletâneas. O álbum Vagabond Heart de 1991 trouxe alguns sucessos como Rhythm of My Hear, Motown Song, Have I Told You Lately e It Takes Two esta última gravada com Tina Turner.

2 – GREAT AMERICAN SONGBOOK

Rod Stewart nos anos 2000 se concentrou em regravar canções dos anos 30 e 40 do “Great American Songbook“. O “Great American Songbook” é um termo dado para canções dos musicais da Broadway escritas por compositores como Irving Berlin, Cole Porter, George Gershwin e Ira Gershwin. O primeiro álbum da série deste songbook foi It Had to Be You … The Great American Songbook lançado em 2002, atingiu o número 1 nos Estados Unidos e oito no Reino Unido.

O segundo álbum da série, As Time Goes By: the Great American Songbook 2, atingiu o número 2 nos Estados Unidos e quatro no Reino Unido, dentre as canções do setlist Till There Was you que fez sucesso nos anos 60 com os Beatles e Smile composta pelo ator e cineasta Charles Chaplin.

Em 2004 lançou o terceiro álbum da série, o Stardust … The Great American Songbook 3 que teve auxílio de Eric Clapton nas guitarras da música Blue Moon e gaita harmônica de Stevie Wonder na música What a Wonderful World que atingiu o primeiro lugar nos Estados Unidos vendendo mais de 200.000 cópias em sua primeira semana. Em 2005 o álbum Thanks for the Memory: The Great American Songbook 4 foi lançado com o dueto entre o cantor e Diana Ross em I’ve Got A Crush On You, assim como na maravilhosa You Send Me que ele divide os vocais com a brilhante Chaka Kan.

Rod retornou ao rock com o lançamento de Still the Same… Great Rock Classics of Our Time, novamente um álbum de regravações mas com alguns clássicos do rock como a canção do Creedence Clearwater Revival, Have You Ever Seen The Rain. Em 2010, visando a nova década que estava para vir, o cantor lançou o penúltimo álbum da série, Fly me to the Moon: The Great American Songbook 5. Em 2011, lançou o último álbum da saga de clássico americanos, o The Best Of The Great American Songbook. Com essa sequência de álbuns dá para dizer que Stewart é o estrangeiro que mais regravou músicas americanas e de artistas americanos.

1 – SHOWS ÉPICOS

Em 18 de dezembro de 1981, Rod Stewart tocou no Los Angeles Forum, com Kim Carnes e Tina Turner. Este show foi transmitido para o mundo todo chegando a uma audiência de 35 milhões de pessoas.

Também nos anos oitenta, Stewart foi criticado por violar um boicote cultural amplamente observado ao apartheid da África do Sul, apresentando-se no complexo da cidade de Sun City , em Bophuthatswana, como parte de suas turnês Body Wishes (1983) e Camouflage (1984).

Em 1985 ele veio ao Brasil para fazer sua participação no até então maior festival de música do país, ele se apresentou para 100 mil pessoas e tocou o hit Da Ya Think I’m Sexy?

O escocês ainda tocou no Brasil na Praia de copacabana, Inaugurando a era de mega espetáculos musicais no local. Foi no reveillon de 1994 / 1995 encantando uma multidão estimada pelo Guiness Book em 3 milhões e 500 mil pessoas tendo se tornado o maior show ao vivo da história da música.

Ele voltou em outras edições do Rock in Rio e outras vezes no Brasil, mas saindo da nossa terinha, ele fez apresentações épicas em seu país de origem.

Em junho de 2002, se apresentou cantando Handbags and Gladrags na Party at Palace, realizada no Buckingham Palace Garden , um concerto que celebrou o Jubileu de Ouro de Elizabeth II e contou com estrelas de cinco décadas de música. Ainda em homenagens a família real inglesa, ele em 1 de julho de 2007, se apresentou no Concert for Diana, realizado no Estádio Wembley , em Londres, um evento que celebrou a vida da princesa Diana quase 10 anos após sua morte. Ele tocou Sailing, Baby Jane e Maggie May. 

Em 12 de dezembro, ele se apresentou pela primeira vez no Royal Variety Performance no Coliseu de Londres, em frente ao Príncipe de Gales e à Duquesa da Cornualha, cantando Father and Son do Cat Stevans, e Bonnie Tyler. música It Em 22 de dezembro de 2006, Stewart organizou o 8º especial anual Um lar para os feriados na CBS às 20:00 (PST).

Em 2011, Stewart se apresentou com Stevie Nicks em sua turnê Heart & Soul . A partir de 20 de março, em Fort Lauderdale, Flórida, a turnê visitou concertos em arena na América do Norte – com apresentações em Nova York, Toronto, Los Angeles, Filadélfia, Chicago, Detroit, Tampa e Montreal, entre outros. Ainda nessa parte de duetos com amigos, em setembro de 2013, Stewart presenteou Elton John com o primeiro prêmio Brits Icon em um show especial no London Palladium , reconhecendo o “impacto duradouro” de John na cultura britânica. Stewart brincou que John era “o segundo melhor cantor de rock de todos os tempos”, antes de os dois fazerem um dueto no palco.

Rod é um cara excêntrico, arrogante e com o melhor estilo rockstar viveu a vida bem. Faz parte daquela seleta lista de músicos que se morrerem o mundo ficaria sem graça. Ele também esta na lista dos músicos que mais dão a vida em palco mesmo já estando na casa dos setenta. Que ele tenha uma vida longa e siga nos palcos divertindo gerações.

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