Por Roani Rock
Fine Line mostra o quanto Harry Styles é um músico de extremo bom gosto e que sabe usar a mescla do pop com o rock de forma digna e respeitosa. Fine Line venceu o desafio do segundo álbum se mostrando melhor que o primeiro solo do cantor.
Roani Rock
CONFIRA MAIS POP/ROCK:
review coldplay – everyday life
review dead fish – ponto cego
review laura cox-burning bright
review taylor hawkins – the coattail riders get the money
review blink 182 – nine
review liam gallagher- why me? why not.
Gravadora: Erskine (Columbia)
Lançamento: 13 de dezembro de 2019

Lançado no dia 13 deste mês de dezembro, Fine Line é o disco pop mais Rock de um artista pertencente a nova geração da industria da música. Harry Styles que saiu de uma boy band chifrin que plagiava bandas como Def Leppard, o caso da música Midnight Memories do One Direction para o clássico atemporal Pour Some Sugar On Me, agora é um cara criativo que explora várias influências de forma mais responsável e realmente autoral.
As influências estão gritantes e diferente do debut que é mais rock, o novo disco é bem mais criativo e dialoga com as duas frentes a qual o artista pertence, o pop e agora o estilo criado na decada de 50. Trafegando por diferentes ondas, se tem músicas mais pops que representam as novas gerações e o público do artista, mas também há uma coisa aqui e outra ali até dessas canções que remetem ao folk de uma galera dos anos 70 e 80.
A começar pelo título do álbum que é o mesmo de uma música do Paul McCartney, evidentemente algo incidental, mas vale a referência. O cantor inglês de 25 anos foi além da obviedade, não fez uma sequência para o álbum anterior, agora há mais novidades sonoras. Os hits e singles até o momento: Adore You, Watermelon Sugar e Lights Up, são trabalhos pop e suas composições parecem com algo que o Fleetwood Mac – que o Harry Styles já evidenciou ser bem fã – ou o Prince produziriam.
Golden, música que abre o álbum, possui um baixo pulsante Adam Prendergast e teclados sutis de Clare Uchima. Poderia ser facilmente uma música do Phil Collins da década de oitenta com o Genesis. Mitch Rowland se sobressai como instrumentista em grandes canções como a Watermelon Sugar e a poderosa She. Essa última por sinal traz brilho para todos da banda, pode ser considerada facilmente a mais intensa e pesada do álbum por se tratar de um blues.
Vive pela memória
Trecho de SHE
Uma mulher que está apenas em sua cabeça (apenas em sua cabeça)
E ela dorme em sua cama (sua cama)
Enquanto ele brinca de faz de conta (faz de conta)
Então faça de conta (faça de conta)
Se no primeiro álbum tinha Sweet Creature como a música mais bela, em Fine Line esse posto é ocupado por Cherry. Bons vocais e suave arranjos de violão trazem a essência do folk rock assim como To be So Lonely onde temos mais uma vez um trabalho de excelência do guitarrista Mitch agora nas violas. Duas tentativas interessantes que nos faz pensar na turma da Califórnia da década de 70 como os Byrds de David Crosby, a aliança desse com Stephen Stills e Graham Nash no CSN ou até mesmo, forçando uma barra, o canadense Neil Young.
Harry também se aventura pelo soul em Treat people with kindness pelo indie pop eletrônico Sunflower, vol. 6, única produzida por Greg Kurstin, já ouvido com Beck e Adele). Nesta em especial podemos colocar como influência duas figuras, John Lennon, seu ritmo lembra e muito Borrowed Time do álbum Milk and Honey e o Queen, na parte do refrão pelos vocais bem trabalhados onde ele explora oitavas e graves junto a Clare.
O Manassas de Stephen Stills é resgatado na divertida Canyon Moon, uma das melhores do álbum. Mas Fine Line não fica só nas referências clássicas, na balada ao piano Falling temos um ”que” de Ed Sheehan e talvez uma tentativa falha de trazer algo épico como ocorreu no primeiro disco com Sing Of The Times, a única do disco que fica pra trás frente as outras. Pra finalizar temos Fine Line sendo um grande acerto, uma certa dose de psicodelia com a melhor linha de bateria do álbum feito pela Sarah Jones.
O álbum é a demonstração de que um bom músico não deve ficar preso a um estilo, e não só pode como deve explorar tudo o que pode ser acrescentado em se tratar de boa música. Não importa se o disco ficar mais pop que o anterior ou mais acústico, se a mudança vem para ser algo grandioso deve ser feito. Os fãs e amantes da boa música devem se sentir gratos por um jovem ousar dessa maneira.
Nota final: 8/10