Por Lucas Santos
Nine é o oitavo(?) álbum do trio californiano, e aqui vemos Mark e Travis mais inspirados nas composições e também há um maior espaço para Skiba.
Lucas Santos
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Gravadora: Columbia Records
Data de lançamento: 20/09/2019

blink-182 é uma daquelas bandas que definiu uma geração. Os reis do pop punk foram a trilha sonora de toda uma galera nos anos 2000 e certamente foi um dos grupos mais influentes para futuras bandas que estabeleceu o gênero com um dos mais importantes da década passada. Os vocais alternados de Mark e Tom, as melodias cativantes, o humor adolescente e bateria insana de Travis os tornaram únicos, e seus hinos que tocaram incansavelmente por anos – e tocam até hoje – falavam diretamente com a juventude na época e arrastava multidões para os shows.
Não muito tempo após o homônimo álbum ser lançado em 2003, quinto na discografia, a banda entrou em hiato e só voltou em 2011 com o lançamento do fraco Neighboors. Este que seria o último a contar com o trio principal. Após a partida do vocalista e guitarrista Tom DeLonge, seu sucessor foi Matt Skiba, fundador do Alkaline Trio, e a partir desse ponto os fãs e mídia ficaram divididos.
Com Skiba eles lançaram California (2016). O álbum recebeu boas críticas de modo geral, mesmo com as inevitáveis comparações entre Matt e Tom, e foi o segundo álbum da banda (além, apenas, de Take Off Your Pants and Jacket, de 2001) a chegar ao topo da Billboard 200. Eles trazem sim grandes porções que os fizeram ser reconhecidos, mas as mundaças sofridas em California torceu o nariz de muitos fãs antigos, mas fez muito desses perceberem que o antigo blink-182 não voltaria e que esse era o caminho que a banda estava seguindo, com mudanças, amadurecimentos e abordagem musicais diferentes.

Nine é o oitavo(?) álbum do trio californiano, e aqui vemos Mark e Travis mais inspirados nas composições e também há um maior espaço para Skiba. Temos raros momentos de nostalgia e ele carrega uma indentidade maior dessa nova formação, preenchendo lacunas e aumentando a importância de Matt no processo criativo.
Na primeira faixa The First Time – que tem um começo parecido com a clássica Feeling This – vemos claramente que rumo a nova formação está tomando. A identidade está ali, mais enraizada e presente. A grudenta Darkside, a rítmica Run Away e a quase-pop I Really Wish I Hated You também soam diferentes de boa parte do catálogo anterior da banda.
Engraçado comentar que um dos singles disponibilizados é uma das faixas mais fracas do álbum. Blame It On My Youth, junto de Black Rain são muito pops e abusam dos elementos eletrônicos.
No quesito nostalgia temos Generational Divide, faixa de 49 segundos que poderia fazer parte de Dude Ranch ou Cheshire Cat. A faixa Happy Days trás uma mensagem positiva com uma letra bem madura, assim como Heaven. Com uma boa primeira metade, a melhor parte do álbum é certamente vem do meio pro fim. As faixas Pin The Grenade, No Heart To Speak Of, Oh Some Emo Shit e Ransom são a nova face da banda, e podemos captar maiores influências de Skiba, que entrega uma ótima performance em No Heart To Speak Of.
Sobre a produção, alguns pontos me incomodam. Por exemplo as vozes de Hoppus e Mark estão muito artificais e em diversos momentos o excesso de elementos que tentam adicionar, forçadamente, hip hop e eletrônico não soam muito naturais e comprometem em algumas canções. Na parte de Travis Barker só devemos apreciar e aplaudir um dos maiores bateristas vivos, desempenho impecável.
Como dito no começo, Nine traz o blink-182 mais maduro, decidido e abraçando a nova fase de vez. A faceta nova da banda é promissora e apesar de alguns pequenos tropeços aqui, temos algo muito bem definido e agradável com diversas faixas que já fazem parte de sua personalidade. Não acreditava que em pleno 2019 eles conseguiriam surpreender com um trabalho importante e dessa qualidade.
Nota final: 8/10
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