Review: Scott Stapp – The Space Between The Shadows

Por Lucas Santos

Músicas ricas liricamente, que falam de todos os seus demônios do passado, riffs que remetem a época da sua ex banda e que ao mesmo tempo soam modernos e atuais, tudo perfeitamente equilibrado com a qualidade melódica nas composições e entrega vocal que da pra sentir no fundo da alma.

Lucas Santos

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Gravadora: Napalm Records
Data de lançamento: 19/07/2019

Scott Stapp, parecia estar em um lugar escuro por algum tempo lá. Durante o início de 2000, a voz de Scott dominou a rádio rock com sucessos ininterruptos de sua megabanda, Creed. Ao mesmo tempo, porém, demônios pessoais de um passado traumático, combinados com depressão e dependência, transformaram o sucesso e os sonhos do músico em um pesadelo pessoal que se tornou público. Após duas reconhecidas tentativas de suicídio, em 2014, no auge da toxicodependência, chegou a declarar falência e se viu quebrado, sem futuro e perspectivas.

As coisas ficaram tão ruins que ele teve uma ruptura psicótica completa, o que levou a um diagnóstico de transtorno bipolar. Agora, no entanto, com a ajuda do amor contínuo e incondicional de sua esposa e família, juntamente com a ajuda de MusiCares, apoio de outros artistas a encontrar os recursos que funcionaram para ele, permitiram que Stapp esteja à cinco anos sóbrio, um feito que ele está celebrando com o lançamento de seu primeiro novo disco solo desde Proof Of Life (2013).

Com a ajuda de Sammy Hudson (baixo), Ben Flanders (guitarra), Yiannis Papadopoulos (guitarra) e Dango Empire (bateria) o álbum entrega faixa após faixa, com pequenos tropeços, um trabalho incrivelmente polido soando melhor a cada audição, nuances sutis se destacam e as faixas e vocais com múltiplas camadas apenas nos envolvem com a qualidade de produção gigantesca. Músicas ricas liricamente, que falam de todos os seus demônios do passado, riffs que remetem a época da sua ex banda e que ao mesmo tempo soam modernos e atuais, tudo perfeitamente equilibrado com a qualidade melódica nas composições e entrega vocal que da pra sentir no fundo da alma.

World I Used To Know, Purpose For Pain e Survivor são as faixas mais pesadas e oferecem a agressividade do metal moderno com melodias de fácil assimilação. Name fala abertamente da relação inexistente do cantor com o seu pai. “Ele me deu um nome e foi embora”. Cheia de carga emocional, é um soco no estômago, e a melhor música da sua carreira solo. É impossível não perceber todo o sentimento exposto por Stapp nessa canção. Face In The Sun é mais swingada e mesmo com a temática ainda sombria, soa mais alegre e divertida.

Heaven In Me é a primeira vez que o vocalista canta com traços mais nostálgicos, essa é uma faixa bem dramática e arrastada, com letra profunda e grande atuação. Gone To Soon, semi balada, linda, foi inspirada nas recente perdas de Chester Bennington e Chris Cornell. Alguns esforços como Wake Up Call e Mary’s Crying são menos expressivos que os demais, mas ainda conseguem ser ótimas canções que se misturam, mantendo o nível alto do álbum.

The Space Between The Shadows é um ponto de recomeço para o consagrado vocalista. Sem exagero nenhum, ele é o melhor da sua curta carreira solo. Com uma performance vocal mais madura agregada à peso e drama na medida certa, músicas coerentes, dinâmicas e bem produzidas, Scott Stapp se reencontra em um desempenho musical que à muito tempo não era entregue por ele. Eu gosto muito de como as coisas caminham no momento. Muitos pedem uma reunião do Creed, mas creio que as coisas deveriam ficar como estão, ainda mais depois desse excelente trabalho de Scott.

Nota final: 9/10

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