Revisando Clássicos – 30 anos da obra prima de Paul McCartney – Flowers in the Dirt

por Roani Rock

Gravadora: Parlophone Records
Lançamento: 5/06/1989

O que seria de um músico se ele estivesse fadado a se repetir? Após uma década de Beatles durante a década de 60, Paul McCartney criou o Wings para perpetuar seu estilo pop flertando agora com o progressivo e assim ficou durante os anos 70. Nos anos 80 ele desfez o Wings e preferiu seguir as tendências apostando em baladas com sintetizadores e em duetos ao lado de Stevie Wonder e Michael Jackson. Apesar desses encontros fenomenais o eterno beatle não estava saindo em turnê, enfrentou uma caída em vendas — assistindo George Harrison supera-lo, até que chegou uma luz rebelde em sua frente chamada Elvis Costello.

No fim dos anos 80 após um tempo de vacas magras, frustrações sonoras e até problemas pessoais Paul McCartney resolveu sair da zona de conforto dos duetos com celebres nomes do R&B e apostou em um conceito que foi além de uma parceria. Por volta de 1987, McCartney começou a trabalhar com o enciclopédico e praticamente fundador do power pop, Elvis Costello. Supostamente, uma das razões seria que Paul sentia falta de um parceiro de composições como John Lennon.

Além de ser de Liverpool também, Costello se assimilava a Lennon na parte das letras com direcionamento ácido e poético ao mesmo tempo. 12 anos mais novo que McCartney — muito bem colocado nas principais paradas musicais, Costello resolveu trazer o rock pop dos anos 60 de volta a vida de McCartney.

Elvis Costello e Paul McCartney

Além deste prodígio do punk de Liverpool, para os 18 meses de aperfeiçoamento das novas composições e melodias, Paul reuniu os produtores musicais Neil DorfsmanTrevor HornMitchell FroomSteve Lipson e chamou David Gilmour (Pink Floyd) para tocar guitarra na faixa “We Got Married”.

O processo apesar de ter durado 2 anos para sair, foi gratificante para os dois principais envolvidos. Na parte das composições, surgiu como resultado as faixas That Day Is Done, You Want Her Too, Don’t Be Careless Love, Back on My Feet e My Brave Face, essa última o maior hit do álbum. Na parte de direção, Costello pode convencer McCa a voltar a usar o icônico baixo Hofner.

Em “You Want Her Too”, uma atualização temática cáustica de uma das colaborações anteriores de McCartney, “The Girl Is Mine”, com Michael Jackson. Como McCartney e Costello trocam as falas, existe a doçura invejosa de McCartney (“Eu a amei ohhhh soooo loo-ng “) entrando em choque com um contraponto amargo – e divertido – nas respostas anasaladas de Costello (“Então por que você não sai? dizê-lo, estúpido? ”). Esse duelo lembra o charme das trocas de McCartney e Lennon em “Getting Better”, do Sgt. Peppers.

trecho da crítica da Rolling Stone americana

O tempo que eles trabalharam juntos rendeu músicas tanto para trabalhos de McCartney como de Costello. Na época, foram lançadas seis músicas da parceria com Paul (nos álbuns Flowers in the Dirt, de 1989, e Off the Ground, de 1993) e quatro por Elvis (em Spike, de 1989, e Mighty Like a Rose, de 1991).

Voltando ao Flowers in the Dirt, a banda de Paul foi composta por músicos regulares para leva-los para a estrada também. Hamish Stuart era mais conhecido por seu mandato na Average White Band apoiando também a cantora Chaka Khan, enquanto Robbie McIntosh tinha sido um membro da Pretenders . Preenchendo o som seria Chris Whitten na bateria e Paul WixWickens acompanhando, é claro, a maravilhosa esposa de McCartney, Linda nos teclados.

músicas “lado b” como This One que não receberam tanto destaque também foram encantadoras. Put it There traz o arranjo de cordas de seu companheiro da época dos Beatles George Martin, é uma balada fantástica que de acordo com as notas encadernadas de Geoff Baker, foi lançada como sétimo single por causa da multidão parisiense dos concertos no Palais Omnisports em outubro de 1989. As garotas pegavam os parceiros e se balançavam para que Paul tocasse Put It There. Já a música tema de sua turnê era Figure Of Eight, esta traz alguns dos melhores desempenhos vocais de McCa, ela é impressionante.

Entretanto, o álbum não é uma unanimidade entre os fãs e a mídia. Por pertencer aos anos 80 ele é bem criticado, mas foi o que possibilitou uma turnê mundial que não ocorria desde 1976 quando escurcionou com o Wings. Ela trouxe o beatle pela primeira vez no Brasil. o Marketng para Flowers In The Dirt foi absurdo.

O lançamento de Flowers in The Dirt ocorreu em 5 de Junho de 1989, sendo precedido pelo primeiro single, “My Brave Face”. Foi o 8º álbum solo e esse retorno representou o renascimento de Paul lhe rendendo um grande desempenho nos charts musicais, tanto britânico quanto norte-americano. O disco alcançou o primeiro lugar no Reino Unido e o 21º na Billboard, além de permanecer nas paradas por um ano e ganhar disco de ouro nos Estados Unidos. Reino Unido e Espanha lhe renderam disco de platina — além do sexto lugar nos melhores dos charts espanhóis daquele ano. Uma volta por cima depois do desempenho pífio de Press to Play, em 1986.

Em Setembro de 1989 iniciou a Paul McCartney World Tour que foi sucesso de público e durou quase um ano inteiro, passando por 16 países e totalizando 103 apresentações. O setlist foi o ponto mais legal da tour por ter hits de sua carreira com o Wings, solo e diversas canções eternizadas pelos Beatles nunca antes tocadas ao vivo. 

Paul em foto da sua tour pelo Rio de Janeiro já nos anos 90

O Flowers In The Dirty recebeu em 2017 um relançamento em um box contendo raridades, demo takes de estúdio, versões estendidas das músicas e por fim a “novíssima” Twenty Fine Fingers!

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