Por Lucas Santos
Metade da banda é composta por homens, e é interessante entender em que contexto e momento essa mensagem é entregue por eles, ja que Aldridge é a porta voz, porém, sua mensagem não poderia ser cedida sem o restante das peças que os compõem.
Lucas Santos
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Gravadora: Hassle Records
Data de Lançamento: 24/05/2019

“Post Hardcore furioso e feminista do UK”. É assim que a banda Petrol Girls se auto denomina em sua página no bandcamp. Formada em 2012 pela vocalista Ren Aldridge e Liepa Kuraitė, com Joe York e Zock Astpai se juntando mais tarde, e com alguns singles e EPS lançados até o ano de 2016, eles começaram a ganhar notoriedade por revistas inglesas como a Kerrang! e The Idependent. As coisas aumentaram ainda mais depois do lançamento do primeiro trabalho de estúdio Talk of Violence (2016) por trazer justamente a agressividade do Punk Rock e temas mais maduros e de relevância atual.
O feminismo se tornou mais uma abordagem geral do que um tópico óbvio, infiltrando-se na maneira como pensamos sobre tudo, desde o meio ambiente até a saúde mental. Também começamos a pensar mais sobre o que o feminismo significa para os homens. Metade da banda é composta por homens, e é interessante entender em que contexto e momento essa mensagem é entregue por eles, ja que Aldridge é a porta voz, porém, sua mensagem não poderia ser cedida sem o restante das peças que os compõem.
A primeira banda que me veio a cabeça assim que comecei a escuta-los foi o quinteto da Flórida, Gouge Away. Temos a semelhança implícita da raiva e agressividade que ambas cantoras conseguem expressar durante as canções, junto com riffs e sons pesados característicos do estilo. A faixa Intro, serve de interlúdio para todo o álbum, e traz Ren recitando versos sobre diversos questionamentos atuais.

Não podemos isolar também o fato de Cut & Stitch parecer consideravelmente mais inchado que o material passado. Não é sempre o caso, particularmente quando faixas como The Sound e Big Mouth estabelecem bem cedo que o som principal permaneceu relativamente intacto, mas é o número de interlúdios superficiais que existem no álbum. Realmente não se precisa deles, isso, então, deixa momentos isolados para proporcionar as experiências auditivas mais eficazes, e acabam se tornando a maneira ideal de absorver o que a banda propõe.
Como mencionado anteriormente, tanto The Sound como o Big Mouth se apresentam como os destaques mais claros em termos de punk direto e forte, as qualidades de adrenalina do Burn e Talk In Tongues parecem um passo convincente na incorporação de alguns elementos mais fora de sintonia, e funcionam bem. No Love for a Nation incorpora bem uma mistura mais calma e violenta. Porém para um álbum de Punk Rock, os 39 minutos, devido a uma porção de preenchimento de espaço, tira um pouco o brilho do trabalho no total. Skye, por exemplo, é algo que não funciona.
Apesar de grande atuação musical e lírica, e produção bem arranjada, Cut & Stitch deveria ser mais enxuto. Ter uma proposta direta seria uma fórmula mais eficaz, como em Talk of Violence. É admirável que eles tentem sistemas diferentes, porém aqui, sem extremo êxito. Ainda agradável e com momentos interessantes, o novo trabalho do Petrol Girls é divertido, mas é inferior ao anterior e passa longe de memorável. Apenas mais um bom álbum de Punk Rock no ano de 2019.
Nota final: 6,5/10
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