A produção áspera, e as vezes tumultuada, só serve para aumentar o sentimento de nostalgia que álbum trás. Sem dúvidas nenhuma é um álbum extremamente divertido de se ouvir.
Lucas Santos
Gravadora: Ripple Music
Data de lançamento: 19/04/2019

Cream, Muddy Waters e Led Zeppelin. Essas são as referências notáveis assim que começamos a ouvir o power trio da california: Shotgun Sawyer. De cara, também me lembrou uma outra banda, mais atual, que tem uma proposta muito parecida, Walking Papers.
Originalmente de Auburn, CA, David Lee (bateria), Brett Sanders (baixo) e Dylan Jarman (vocais e guitarra) descrevem seu estilo como: uma abordagem pesada, autêntica e moderna para o estilo bruto Delta Blues. Com toda essa mistureba de referências, que sim, são perceptíveis ao longo das 9 faixas do álbum, a banda consegue soar como se auto descreve.
A trinca inicial de faixas cativa na hora. Ain’t Tryin’ To Go Down Slow, é um excelente modo de começar tudo, mostrando de cara qual a intenção da banda. (Let Me) Take You Home é uma das melhores faixas que escutei esse ano. Um riff memorável, groove elevado a milésima potência e uma construção incrível. Backwoods Bear trás um estilo mais country com violão slide e um batida mais pegajosa.
Shallow Grave, última faixa, lembra alguma coisa do Black Sabbath, e mostra que o trio consegue ser ousado ao tentar estilos além da sua zona de conforto.

Começando muito bem e terminando muito bem, o grande problema de Bury The Hatchet é o meio. As faixas 5,6 e 7 até que são legais, mas comparadas com as citadas anteriormente, são bem inferiores e esquecíveis. Elas acabam fazendo com que a metade do caminho seja menos interessante que o início e o fim.
Como todo o álbum, eles parecem crus e corajosos. Na verdade, o Shotgun Sawyer gravou Bury The Hatchet ao vivo e não fez overdub em nenhuma das músicas, nos dando uma gravação visceral, autêntica e energética, cheia de groove e levadas pegajosas. A produção áspera, e as vezes tumultuada, só serve para aumentar o sentimento de nostalgia que o álbum trás. Sem dúvidas nenhuma é um álbum extremamente divertido de se ouvir.
Um blues bem tocado é difícil de achar, mas quando encontra – como o Shotgun Sawyer, que apesar da juventude, transmite maravilhosamente seu amor do blues através das músicas em Bury the Hatchet – toca profundamente aflorando diversos sentimento bem difíceis de explicar. Fica muito claro que não há nada inovador aqui, mas os rapazes lançaram músicas bem escritas, suas performances são carregadas de energia e paixão e, o mais importante, a diversão está garantida.
Nota final: 7,5/10
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