Review: Tripsitter – The Other Side of Sadness

O jovem quarteto de Navis, Áustria, decidiu gravar o álbum de estréia em uma cabine no seu país de origem, na intenção de entregar a experiência mais crua possível.

Lucas Santos

Gravadora: Prosthetic Records

Lançamento: 19/4/2019

A bela arte de capa consegue nos antecipar o conteúdo a ser escutado.

Traduzindo do dicionário, Trip sitter, é um termo usado por usuários de drogas recreacionais ou espirituais, para descrever uma pessoa que permanece sóbria, garantindo a segurança do usuário de drogas enquanto eles estiverem sob a influência de uma droga.

O jovem quarteto de Navis, Áustria, decidiu gravar o álbum de estréia em uma cabine no seu país de origem, na intenção de entregar a experiência mais crua possível. Uma ideia interessante. Levando em conta que a banda se identifica como Hardcore/Metalcore, toda tentativa de trazer experiências e sons novos para um gênero tão saturado ultimamante, é sempre bem vindo.

A faixa de abertura The Illusion realmente define o tom do LP. Logo de cara sentimos que a atmosfera e clima são imediatamente mais escuros e mais intensos. Tudo é mais arrastado. Lentidão e peso é uma mistura que funciona bem aqui. Não há quase nenhum vocal limpo para ser ouvido, apenas os gritos da garganta do vocalista Meinhard Taxer. Ele consegue, de maneira eficaz, passar os sentimentos mais agoniantes e sofríveis. Mourning Sea pega o ritmo e adiciona um pouco mais de melodia com o trabalho de guitarra e com backing vocals mais suaves.

Se me perguntassem quais faixas definem completamente o que é o álbum, diria que Of Flowers e Hollow são as mais indicadas. A primeira por ter mais de 7 minutos, com passagens acústicas e uma performance incrível de Taxer. Você realmente sente que está preso no meio do nada em uma cabine na Áustria. E a segunda por ter momentos e passagens mais melódicas. Raras, porém encaixam muito bem, e não tiram o peso nem melancolia.

Além do destaque de Taxer, o baterista Alex Farnik também brilha. Cheio de viradas, quebradas de tempo e levadas não tradicionais, chamam a atenção.

O álbum é algo que deve ser escutado como um todo, do começo até o fim, sem interrupção. Levando isso em conta, se a audição fosse mais curta, talvez entre 4 a 7 minutos menor, seria mais proveitosa e menos arrastada. As duas últimas faixas parecem estar desconectadas do restante.

The Other Side of Sadness é um projeto muito ambicioso. Uma bela estréia da banda austríaca. Não é uma audição fácil. A jornada para o ponto mais profundo da escuridão não vem de primeira, mas, quando te pega, é uma viagem que você realmente vai precisar de um(a) sitter.

Nota final: 7/10

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