Greta Van Fleet e o apoteótico show no Rio de Janeiro

Por Roani Rock

Lapa, meia noite de uma sexta feira. Combinação perfeita para ir em uma das casas mais tradicionais de shows do Rio para escutar um Hard-Rock vulgar. Coube ao Greta Van Fleet, banda mais comentada dos últimos tempos, fazer o side show do Lollapalooza na cidade maravilhosa numa Fundição Progresso sold out.

Pode não ser uma casa grande – a capacidade máxima é de 5 mil pessoas, mas uma banda nova fazer essa quantidade de cariocas largar qualquer boteco dos arredores para irem vê-los e mais todos que vieram de outras zonas é louvável. São 56 pessoas a mais do que as que vivem em Frankenmuth, no estado de Michigan, cidade natal dos membros do Greta!

Quando fui em direção ao show convenci um amigo a ir com o seguinte argumento:
“Eles lançaram dois discos (o ep From The Fires de 8 músicas e o Anthen Of The Peaceful Army, primeiro álbum oficial da banda) que são acima da média com grandes hits. Se você não for nesse show com o que eles têm de melhor quem garante que os próximos álbuns serão do mesmo nível?”

Gostando ou não os moleques representam o anseio de milhões de pessoas. Os garotos de 20 e poucos anos do Greta Van Fleet carregam a responsabilidade de trazer o rock dos tempos áureos da década de 70 de volta a tona. Os três irmãos Kiszka Josh (vocalista), Jake (guitarrista) e Sam (baixista) – além do baterista Danny Wagner, levam bastante porrada da mídia e críticos por soarem como o Led Zeppelin. Mas presenciando os jovens de perto, apesar de terem muito dos britânicos, é notória a presença de outras referências.

Eles soam com tudo que teve de bom nos anos 70. Os vocais de Josh entoam em dados momentos Ian Gillan do Deep Purple pela extensão dos agudos e Stevie Marriott do Humble Pie quando o drive entra em ação. Isso fica perceptível nos três petardos que iniciam o show. Cold Wind (a segunda faixa do primeiro álbum oficial da banda), o hit Safari Song e a ganhadora de grammy de melhor canção rock, Black Smoke Rising.

Depois da tempestade vem a calmaria. Flower Power, um moderno hino hippie, tem ares de soul negro americano, algo que o Jefferson Airplaine tocaria. A partir dessa música, para um set acústico, o baixista Sam toma conta do teclado para fazer toda a ambientação. Watch me do cantor inglês Labi Siffre é o cover escolhido pelos garotos de Michigan para fazer um clima mais épico.

Um segundo cover veio na forma da breve introdução de The music is You – o tema prepara o terreno para a apresentação de You’re the one, aquele single radiofônico abençoado feito para todos cantarem, de preferência ao pé do ouvido da pessoa amada – leia-se @, gata, boy ou como preferir definir.

Ao fim desse momento de grandeza sonora o show começa a voltar para o lado mais pesado que certamente deixou o público em transe pela habilidade dos músicos. Uma intensa luz azul transforma os integrantes do Greta em meras silhuetas sobre o palco durante toda a apresentação de Black flag exposition. 10 minutos de pura carga blueseira.

De fato, é impossível negar as semelhanças do Greta com o grupo inglês, principalmente estéticas – além do vocalista apresentar uma semelhança na voz com Robert Plant as expressões corporais no palco também remetem ao Golden God. Os solos de guitarra de Jake vão muito na linha do Jimmy Page e do Ritchie Blackmore do Deep Purple também. Quem ouviu Watching over e Edge of darkness sentiu em arrepios a catarse sonora que o guitarrista é capaz de trazer em sua gibson SG.

Para o fim do side show ficaram as músicas mais aclamadas pelo público, a Zeppeliana When the curtain falls e Highway tune. Punhos fechados e bateção de cabeça foram garantidas durante as 12 canções no período de quase uma hora e meia de espetáculo.

O futuro é incerto. Vejo o Greta Van Fleet como um novo Wolfmother ou um novo The Darkness. Tomara que eu esteja errado e que os próximos discos sigam com a mesma qualidade que os anteriores. Fica o pedido de uma volta já que a primeira vinda foi marcante e digna de aplausos.

Setlist:

1 – Cold wind

2 – Safari song

3 – Black smoke rising

4 – Flower power

5 – Watch me

6 – The music is You

7 – You’re the one

8 – Black flag exposition

9 – Watching over

10 – Edge of darkness

11 – When the curtain falls

12 – Highway tune

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