Já faz um tempo que estamos no ano de 2019, mas para começar uma longa jornada para falar sobre Rock ‘and’ Roll, resolvemos iniciar com os melhores álbuns do ano passado.
Segue abaixo uma lista com dicas do que escutar em uma variação de sons cheios de ondulações entre o clássico, metal, hard e o que mais brutal possa ter aparecido e conquistado o público e a crítica no ano de 2018.
15 – Red Sun Rising – Thread

Formada há mais de 10 anos e após lançar alguns álbuns independentes, a banda Red Sun Rising, de Akron, Ohio, tem em Thread o seu segundo trabalho oficial de estúdio, algo bem mais maduro e polido.
Indo do pós-grunge, passando por um Hard Rock oitentista ao rock alternativo do final dos anos 90, e ligando as principais qualidades dos pilares de rock populares de hoje, o Red Sun Rising consegue dessa mistura um álbum muito sólido, com diversos momentos especiais. Lonely Girl, Deathwish e Veins caminham por toda essa diversificação de sons e estilos; Evil Like You desliza com energia assustadora e melodias do início ao fim trazendo um vislumbre de uma banda muito bem encaixada com um som maravilhosamente bem entrosado.
Nessa vitamina de influências, Red Sun Rising consegue se destacar em Thread por um som cada vez mais único e muito bem distribuído.
14 – Judas Priest – Firepower

Os precursores do Heavy Metal moderno nos presenteiam com Firepower, seguindo a linha de um “Judas” mais conservador e tradicional, procurando fazer o que já sabem e utilizando uma mistura de elementos modernos e oitentistas. Firepower traz 14 faixas diretas e bastante objetivas do mais puro Heavy Metal, com excelentes harmonias das guitarras, marca clássica do Priest, e uma atuação impecável de Rob Halford.
Logo de cara, Firepower e Lightning Strike mostram o teor do álbum com grandes momentos em Evil Never Dies, Necromancer, Flame Thrower e No Surrender. Produzidos por Tom Allom e Andy Sneap, a banda inglesa lançou o melhor álbum desde Painkiller, de 1990.
Num contexto em que a banda aproxima-se do fim, o álbum ganha toda uma importância histórica de, eventualmente, ser a despedida em estúdio de um gigante do heavy metal. Se realmente o for, terá sido um adeus grandioso e digno.
13 – Halestorm – Vicious

A relevância do Halestorm no cenário musical, após 3 álbuns em quase 10 anos, é notável. Com muito mérito e pouco tempo, Lzzy Hale se tornou um símbolo feminino do rock and roll, e é o grande destaque do quarto trabalho de estúdio da banda..
Diferente do último álbum de estúdio, Into The Wild Life, criticado por “ser pop demais”, Vicious é, até então, o mais eclético do quarteto da Pensilvânia. Ele flerta, sim, com um som mais comercial, porém de uma forma mais crua e natural, com foco claro e objetivo no peso do heavy metal. Músicas como White Dress, Black Vultures e Uncomfortable são exemplos de que essa mistura funcionou muito bem dessa vez. Os trabalhos na bateria de Arejay – com uma pegada até mais dançante, às vezes – são evidentes, a guitarra e o baixo, apesar de não terem nenhum momento memorável, se encaixam muito bem, mas o grande destaque é, e sempre será, o incrível alcance vocal de Lzzy. O que essa mulher faz é inacreditável.
Junto com a banda, o produtor Nick Raskulinecz soube juntar e polir as idéias, conseguindo, assim, caminhar por diversos estilos dentro do Hard Rock com composições muito sólidas e seguras e adicionando pequenos elementos que tornaram o som mais rico com ótimas harmonias e refrões.
12 – Greta Van Fleet – Anthem of the Peaceful Army

Greta Van Fleet é o nome do momento. Ame ou odeie, eles estão aí e vieram pra sacudir a indústria do Rock moderno. A verdade é que deve ser difícil ser considerado a “Salvação do Rock N’ Roll,” porém toda essa pressão exercida sobre o grupo de Michigan não refletiu no seu álbum de estréia, Anthem Of the Peaceful Army.
Os irmãos Kiszka – Josh, Jake e Sam, juntos com o baterista Danny Wagner entregam um trabalho muito coeso, misturando uma musicalidade antiga com elementos novos e criando um terceiro elemento muito bem executado, confirmando toda a expectativa direcionada a eles desde o lançamento do primeiro EP, o ganhador do Grammy: From The Fires. Músicas como Age of Man, Lover, Leaver e When The Curtain Falls mostram toda a criatividade da banda, o incrível alcance vocal de Josh e o entrosamento do resto dos membros que fazem um Hard Rock misturado com blues de gente grande. “You’re the One” e “Watching Over” também são pontos de destaque por mostrar a versatilidade dos garotos de criarem baladas e se aventurarem por sons mais “futuristas” e modernos.
Anthem of the Peaceful Army é uma excelente estréia da banda mais falada do momento, Parecendo ou não com Led Zepellin, Greta Van Fleet se sai muito bem entre a mistura do seu som original e características setentista, muito bem executada e de extrema qualidade.
11 – Pennywise – Never Gonna Die

O décimo segundo álbum da banda punk com mais de 30 anos de estrada, Never Gonna Die é o primeiro do cantor Jim Lindberg, guitarrista Fletcher Dragge, baterista Byron McMackin e baixista Randy Bradbury, com músicas inéditas em mais de uma década.
Tendo seu nome já consagrado na história do Punk Rock, Pennywise entrega um trabalho sem muita enrolação e bem direto ao ponto. O álbum começa com Never Gonna Die, que já nos traz boas memórias dos melhores momentos vividos pelo grupo californiano, e ao longo dos 40 minutos e 14 faixas, as guitarras rápidas e bateria frenética sustentam a marca registrada da banda. She Said, Live While You Can, Won’t Give Up The Fight e All The Ways U Can Die nos levam de volta numa viagem de nostalgia aos anos 90, quando o skate punk dominava o mundo.
Never Gonna Die é um mais do mesmo, bem feito, que vai agradar os fãs da banda e os amantes de Punk Rock.
10 – Walking Papers – WP2

O segundo álbum da banda de Seattle demorou 3 anos pra ser lançado. WP2 ficou pronto em 2015, mas só foi lançado no começo de 2018. Fabricado por Jeff Angell – vocalista, guitarrista e compositor de todas as faixas – acompanhado por Duff McKagan (Guns N’ Roses), tecladista Benjamin Anderson e o baterista Barrett Martin.
Walking Papers traz um álbum cheio de influências: rock clássico misturado com blues e uma atmosfera cheia de groove e sons bem graves. Alguns riffs de guitarra encaixam muito bem com as variações do baixo como em “Hard To Look Away” e “I Know You’re Lying”. Em algumas faixas, como “Into the Truth”, podemos ouvir o som do saxofone bem individualizado e um grande trabalho dos teclados que são executados na medida certa durante todas as 13 faixas.
“WP2” traz o melhor do “rock clássico moderno” que nós temos atualmente, uma atmosfera bem empolgante, suave e fiel a proposta do grupo
9 – Beartooth – Disease

Caleb Shomo é um dos grandes artistas dessa década, o cantor, escritor, produtor está frente do Beartooth há mais de 7 anos. Após 2 bons trabalhos de estúdio, “Disgusting” e “Aggressive”, Shomo nos presenteia com o mais ambicioso, melódico e “radio friendly” álbum da banda até o presente momento: “Disease”.
Durante todas as 12 faixas, nos sentimos presentes na transição entre o metalcore mais agressivo e o metal mais melódico. Músicas como “Afterall”, “Disease” e “Clever” são mais acessíveis ao grande público e, por outro lado, “Infection” e “Bad Listener” são grandes exemplos de como o peso e a melodia se encaixam muito bem e agradam a galera mais antiga e mais underground.
Caleb, Kamron Bradbury (guitarra), Oshie Bichar (baixo), Zach Husto (guitarra), e o excelente baterista Connor Denis, acompanhados do produtor Nick Raskulinecz (um dos grandes responsáveis da ascensão do “Foo Fighters”), entregam um ótimo trabalho, ousado, orgânico, pesado e mais acessível ao grande público. Um trabalho definitivo do grupo de Ohio que estabelece a sua sonoridade, os fazendo alcançar maiores lugares no cenário mundial
8 – Leather – II

Leather Leone lançou o seu álbum de estréia há 30 anos e desde então deu uma sumida de cena. Cantou em alguns clubes, participou de alguns álbuns, mas foi no Brasil, onde morou por algum tempo, que conheceu os seus novos parceiros de banda: Vinnie Tex (guitarra) Marcel Ross (guitarra), Braulio Azambuja (bateria) e Thiago Velasquez (baixo).
O Heavy Metal raíz transborda nesse álbum. “Juggernaut” (faixa inicial) já impõe o tom a ser seguido ao longo das 11 faixas. Tudo nesse álbum funciona, os riffs e solos de guitarra são incríveis, a bateria e baixo com ritmos frenéticos e entrosados, tudo, claro, consumado pela performance incrível de Leather que, com sua voz mais grave e robusta, se destaca sonoramente das demais cantoras de heavy metal atuais. Faixas como “Hidden In The Dark”, “The One” e “The Outsider” são exemplos perfeitos de tudo aquilo descrito anteriormente.
“II” é poderoso, rápido, agressivo e tudo mais que espera-se no heavy metal – apenas aguardemos que Leather não fique outros 30 anos pra lançar algum material novo.
7 – Mt. Joy – Mt. Joy

O quinteto, que se conheceu na Philadelphia e se mudou para Los Angeles, fez o seu debut apenas 2 anos depois da formação em 2016. O álbum auto intitulado “Mt. Joy” é uma mistura de indie-rock/folk com ritmos de rock clássico e ritmos blueseiros.
O vocalista e guitarrista Matt Quinn, principal autor das letras, possui uma voz muito sutil e doce com belas alternâncias entre graves e falsetos, como em “Julia”. Músicas mais animadas, como “Sheep”, “Dirty Love” e “Silver Lightning” mostram todo o potencial da banda em prender o ouvinte com grande melodias e ritmos cativantes que encaixam super bem com sons mais psicodélicos, passagens acústicas e bons momentos da pianista Jackie Miclau. “Astrovan” e “Jenny Jenkins” possuem refrões grudentos com batidas simples, porém muito bem executadas, e definitivamente são pontos altos do álbum.
“Mt. Joy” é uma viagem de 13 faixas com diversos momentos inesquecíveis, um grande trabalho de estréia de uma banda com um grande futuro pela frente.
6 – Slash featuring Myles Kennedy and the Conspirators – Living the Dream

Se alguém me contasse que um dia o cara da cartola iria criar uma banda tão boa quanto os Guns N’ Roses, eu ia dar risada. A verdade é que “Slash featuring Myles Kennedy and the Conspirators” é uma aula de hard rock, blues e energia. O que mais me contagia nesse projeto é o foco no formato das canções, desenvolvimento das melodias vocais, linhas de baixo – do incrível Todd Kerns e variações de banda. A parceria com “Michael Baskette” segue firme e forte depois do sucesso do antecessor “World On Fire”.
“Living the Dream” não é diferente, sem mexer nas características que estão presentes nos outros 3 álbuns do guitarrista: uma agilidade rítmica impressiva, velocidade, riffs incríveis e vocais flexíveis e seguros. O álbum é uma aula de como bateria (Brent Fitz), baixo (Todd Kerns) e guitarra (Frank Sidoris) trabalham em conjunto, com suas características, para a melhor performance dos grandes astros da companhia, Myles Kennedy e Slash. “The Call Of The Wild”, “Mind Your Manners”, “Slow Grind” e “My Antidote” são exemplos de que o hard rock bem executado, mesmo que clichê, é sempre bem vindo e admirado. Slash se supera na balada “The Great Pretender”, uma canção belíssima com um solo incrível, e a banda alcança o seu ápice em “Driving Rain”
O bom e velho Hard Rock oitentista continua presente nos dias de hoje com Slash, Myles e os Conspirators, uma reunião de talentos em uma ótima experiência auditiva, obrigatória para fãs do gênero.
5 – Alice in Chains – Rainier Fog

Em seu novo disco de estúdio, a lendária banda de Seattle que ajudou a popularizar o grunge, trazendo elementos do heavy metal ao estilo, não apenas retoma a sonoridade que consolidou o quarteto, como o incrementa com elementos mais modernos e com um clima bem sombrio, melancólico e cheio de momentos especiais.
Os vocais alternados de DuVall e Jerry Cantrell, característica consolidada da banda, e as guitarras arrastadas com riffs mais pesados em músicas mais lentas como “Drone” e “Deaf Ears Blind Eyes” dão um tema mais sombrio ao álbum, o que combina muito com o título. “Rainier Fog”e “Never Fade” são músicas mais animadas, em que a bateria de Sean Kinney se destaca também, como sempre. Ainda podemos destacar duas baladas com o som bem característico:“Fly’’ e“All I Am” ajudam a definir a volta ao gênero de origem da banda, sonoridade marcante que fez sucesso nos anos 90 na região Noroeste dos EUA.
“Rainier Fog” é uma adição muito boa ao seu extenso catálogo; são 10 faixas e quase 55 minutos, e, no momento atual, é o álbum definitivo da era William DuVall, o melhor desde o retorno do Alice In Chains 2009 e uma das grandes alegrias do ano.
4 – Angra – ØMNI

A saída de Kiko Loureiro do Angra nos trouxe muitas dúvidas. Logo no momento que a banda encontrou um vocalista, lançou um bom álbum e estava com a formação estável, a eminente saída do guitarrista para o Megadeth fez parecer que tudo iria água abaixo. Para a sorte deles, e nossa, Marcelo Barbosa foi um brilhante substituto.
Tudo no álbum funciona: o timbre e a voz de Lione são impressionantes, Bruno Valverde é um gigante na bateria, Marcelo e Rafael encontraram um jeito quase que perfeito de encaixar as melodias das guitarras junto com os solos e riffs e Andreolli é um baixista de primeira e completa o grupo com arranjos e linhas de baixo bem elaboradas.
Segundo a release oficial, sem me aprofundar muito, “ØMNI” é um álbum conceitual, um conjunto de histórias curtas de ficção científica que ocorrem em vários lugares simultaneamente. “Travelers Of Time” é um grande start com elementos de prog metal, e a tão aclamada “Black Widows Web” e “Caveman” são pontos fortíssimos do álbum.
Com o melhor que o Heavy Metal pode nos oferecer, esse é o melhor disco da banda brasileira desde “Temple Of Shadows” – um sopro de energia, vitalidade e uma consolidação dessa nova fase que parecia estar fadada ao insucesso, mas que transformou-se no melhor disco do gênero no ano de 2018.
3 – Of Mice & Men – Defy

Começamos a lista com o primeiro lançamento do ano, quinto álbum de estúdio da banda americana de Hardcore, primeiro sem o vocalista Austin Carile, que deixou o posto de frontman por problemas de saúde no começo de 2017.
O álbum foi produzido pela lenda Howard Benson, responsável pelos maiores sucessos de bandas como All American Rejects, Hoobastank, 3 Doors Down e Three Days Grace.
“Defy” é uma mistura perfeita de melodia e agressividade: Vertigo, Unbreakable e a faixa título são perfeitos exemplos bem executados e pontos altos do álbum, com refrões grudentos, instrumental muito bem feito e uma atmosfera cativante. Aaron Paul, originalmente apenas o baixista, assume perfeitamente o lugar de Austin e arrebenta nos vocais, tantos nos limpos e nos mais sujos com uma grande performance do resto da banda que executa um ótimo trabalho ao longo das 12 faixas.
Mais para o final, nos deparamos com a excelente “Warzone” e a semi-balada “If We Were Ghosts”, que fecham com chave de ouro uma grande reviravolta para o “Of Mice & Men”, um grande recomeço.
2 – Tremonti – A Dying Machine

Revelado ao mundo no Creed e consagrado no Alter Bridge, Mark Tremonti começou em 2012 o seu projeto solo, Tremonti. Depois de 6 anos e 3 álbuns, o talentoso guitarrista lançou o seu primeiro trabalho conceitual, “A Dying Machine”, álbum baseado na obra escrita por ele próprio e John Shirley, que o descreve como “uma história triste de ficção científica, mas que se inclina no lado mais dramático e não tão técnico”.
Com a ajuda do parceiro de longa data, o produtor Michael Baskette, as 14 faixas de mais de uma hora nos ajudam na imersão da história e da atmosfera proposta pela história. A mescla entre as músicas mais sombrias e distópicas, como “A Dying Machine”, “Trust”, “A Lot Like Sin” e de canções mais inspiradoras e como “The Day When Legions Burned”,”Bringe Of War” e “Traipse”, somadas com grandes momentos do baterista Garrett Whitlock e com toda a criatividade nos riffs pesados, vocais mais graves e solos rápidos e melódicos de Mark, tornam A Dying Machine o mais ousado e melhor álbum do projeto até então.
1 – Myles Kennedy – Year Of The Tiger

O tão aguardado primeiro álbum solo de um dos maiores artistas do século 21, Myles Kennedy, enfim saiu. Em mais uma parceria de sucesso com Michael Baskette – o mesmo que produziu os últimos trabalhos de Slash e Alter Bridge, “Year Of The Tiger” é um apanhado de influências que moldaram e seguiram o vocalista ao longo de sua trajetória – Folk, Jazz, blues, country e, claro, rock & roll. A importância das letras encabeça a temática do álbum, que conta experiências da juventude do vocalista que tragicamente perdeu o pai aos 4 anos de idade, e suas consequências familiares.
Com melodias e arranjos mais simples do que encontramos nos outros projetos de Kennedy, o grande destaque – sem deixar passar o incrível uso de instrumentos pouco convencionais como banjo, viola, bandolim – é a voz de Myles. A faixa inicial “Year Of The Tiger”, a country “Blind Faith” e a mais pesada “The Great Beyond” são excelentes exemplos da mistura de vários elementos musicais que encaixam perfeitamente nas melodias e temática proposta junto com a parceria do amigo de infância e de “Mayfield Four”, o baterista Zia Uddin, e o baixista Tim Tournier. Ao longo das 12 faixas, nos deliciamos e lembramos de toda a versatilidade do vocalista. “Nothing But A Name” e “Love Can Only Heal” funcionam como baladas que alcançam ápices sonoros e vocais e são grandes exemplos de flexibilidade bem executada. Com uma carga emocional muito grande, lindas melodias e momentos especiais, “Year Of The Tiger” é tudo e mais um pouco do que ansiosamente esperávamos, uma audição obrigatória que nos leva a uma reflexão mais profunda e imersiva sobre assuntos mais delicados.
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